sábado, 22 de outubro de 2011

Fim da Ocupação da FAPEX não é o fim da luta na UFBA!


CARTA ABERTA – 21 de Outubro de 2011
 
Nós, estudantes em mobilização hoje decidimos desocupar a área física da FAPEX – Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão, após três dias de ocupação. Entendemos que este prédio foi um espaço central para pressionar a administração no sentido de atender nossas pautas. Nossas mobilizações das ultimas seis semanas, foram vitoriosas, pois deram conta de mostrar a nossa universidade seus problemas e apontar soluções para o conjunto de setores que a compõe – estudantes, servidores técnico administrativos, professores, terceirizados e comunidade.
 
Dia 20 de outubro de 2011, o Conselho Universitário – órgão que congrega estes setores – foi chamado a discutir a pauta única de Assistência Estudantil, como exigido pelo nosso movimento. Alcançamos diversas conquistas de pautas, e o mais importante, conseguimos garantir o comprometimento não só da administração central como de toda a universidade, que através de seus representantes reafirmaram a importância de nossos pleitos para a construção de uma universidade mais democrática e comprometida com os interesses da sociedade que a construímos.
Conseguimos aprovar, entre outras pautas:
 
Apoio da UFBa pelos 10% do PIB pra Educação Pública!

BUZUFBA Gratuito!

Restaurantes Universitários Nos Campi do Canela e São Lázaro!

Plano de Acessibilidade
 
Esses pontos e todos os outros serão discutidos e encaminhados numa comissão PARITÁRIA dos conselheiros que apresentará resoluções num outro CONSUNI dia 25 de Novembro. As reuniões dessa comissão são ABERTAS e contamos com a presença de tod@s!
 
Saímos dessa ocupação com o sentimento de que é preciso nos manter em luta para garantirmos que nossas pautas sejam atendidas na integra – as 37 listadas em nossa carta de reivindicações. Nesse sentido convocamos estudantes, professores, técnicos e toda a comunidade a continuarem em luta, dentro e fora da institucionalidade. Chamamos os estudantes para desenvolver em cada unidade ou espaço de convivência um debate cada vez mais qualificado sobre a importância da mobilização estudantil, pois só através dela poderemos alcançar nossos objetivos.
 
Esperamos tod@s na luta! Qualquer duvida entrem no nosso perfil do FACEBOOK – MOBILIZA UFBA!
Saudações estudantis,
 
 
 
Movimento Estudantil da UFBA
Centros e Diretórios Acadêmicos da UFBA
Diretório Central dos Estudantes da UFBA

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Empresários da educação elogiam programas do governo e pedem mais

Reunidos no 13° Fórum Nacional do Ensino Superior Privado, empresários e representantes de mantenedoras se somaram à direção majoritária da UNE e defendem a ampliação das políticas de financiamento, como Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Para eles, o aprofundamento deste modelo é fundamental para a garantia de seus lucros, já que nos últimos anos houve uma redução do ritmo de crescimento das matrículas. 

Fábio Nassif

Mais de 400 empresários e representantes de mantenedoras se reuniram nos dias 29 e 30 no 13° Fórum Nacional do Ensino Superior Privado para debater as perspectivas do setor no próximo período. Entre autoelogios e críticas ao movimento estudantil chileno, eles chegaram a um consenso: bom para eles, mesmo, é a ampliação das políticas de financiamento, como Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).

O encontro de gala, num hotel localizado perto da avenida Paulista, exibiu as cifras do bem-sucedido setor, que só em 2009 teve um faturamento de R$ 29 bilhões. Nos discursos, estava o reconhecimento do grande momento vivido pela educação privada depois da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases, em 1996, durante governo de Fernando Henrique Cardoso.

A expansão das matrículas foi impulsionada posteriormente por programas como o Fies, do governo Lula. Por esse programa, o estudante das instituições privadas paga sua matrícula depois de se formar. O Estado brasileiro é o seu fiador.

O fato de o governo ter assumido todos os riscos do financiamento educacional é elogiado pelos empresários. Na opinião deles, o aprofundamento deste modelo é fundamental para a garantia de seus lucros, já que nos últimos anos houve uma redução do ritmo de crescimento das matrículas.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma nova educação?


Fora de foco

No último dia 21 de setembro a Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 518 de 2009, de autoria do Senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que prevê a transferência da gestão do ensino superior público do Ministério da Educação (MEC) para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Caso seja aprovado nas demais Comissões que irá tramitar no Senado (Comissões de Educação, Cultura e Esporte e, Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) e pela Câmara dos Deputados, o MEC passaria a cuidar apenas dos assuntos relativos aos ensinos fundamental e médio, transformando-se no Ministério da Educação de Base.

E qual o argumento principal para da proposta? A educação básica no país estaria regalada a um segundo plano na estrutura organizacional do governo federal. E isso aconteceria por que o ensino superior atrairia mais atenção e recursos pela sua capacidade de articulação política, assim como pela proximidade do meio acadêmico com o alto escalão da União.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Nota pública do coletivo de paralisação #PARALISARPARAMOBILIZAR

Diante das decisões divulgadas pelo reitor da UFRB no dia 26 de Setembro de 2011, deliberamos e entendemos que devemos uma explicação a sociedade e não somente a universidade.

O primeiro ponto refere-se à formação da mesa de negociação e da câmera Inter setorial. Nesta nota publica, a reitoria avalia que somente estas ações seriam necessárias para a plena comunicação. Esquece-se esta que, a multicampia, um sistema herdado da ditadura militar, onde os campi foram descentralizados serviam apenas para desarticular ideias importantes. Além disso, esta mesma reitoria esqueceu também que os estudante da UFRB ainda estão se organizando.

No entanto, para alçar uma discussão foi preciso que embasássemo-nos com documentação necessária para apurar as irregularidades dos campi de Cruz das Almas, Cachoeira, Santo Antônio de Jesus e Amargosa. Ainda neste ponto a reitoria nos acusa de causar “prejuízos” administrativos, financeiros, sociais e acadêmicos.

Contudo, avaliamos que o prejuízo maior quem sofre é a sociedade que deposita regularmente pagamentos via impostos e não sabe no que este dinheiro é aplicado. Prejuízo será formar profissionais sem qualificação colocando em risco essa mesma sociedade que não terá o retorno desejado.

A segunda questão colocada pelo reitor sobre a “ideia fixa” de falarmos somente da PROPAAE, não é descabida. Mesmo sendo pouco mais de 10% da população estudantil da UFRB a usufruir dos benefícios, entendemos a importância e a necessidade dessas politicas afirmativas e o quanto elas precisam ser ampliadas, visto que 70% dos estudantes da UFRB são originários das classes C, D e E, e aproximadamente 80% do corpo estudantil se declara afrodescendente. O que nos espanta é a reitoria utilizar a PROPAAE como manobra de retaliação para com este movimento. O Coletivo insiste em reafirmar que as dependências administrativas necessárias para efetivar os benefícios devem e podem executar suas atividades.

Carta aberta das/os estudantes da UFBA


Nós, estudantes da UFBA, reunidos em Assembleia Geral de Estudantes, na Quinta-feira, 22 de Setembro de 2011, no Salão Nobre da Reitoria, discutimos as pautas listadas a seguir, a partir das dificuldades cotidianas que encontramos na nossa formação, e da cada vez mais urgente necessidade de se construir outro modelo de universidade e de educação. Exigimos assim uma audiência em público da Reitoria com o conjunto das/os estudantes para debater a operacionalização o mais breve possível das pautas que seguem: 

O neo pelego


No instrumental dos peões, pelego é um pano grosso e dobrado, ou uma pele de carneiro curtida, mas ainda com a lã, que se coloca em cima do arreio. O cavaleiro monta sobre o pelego antes de montar sobre o cavalo. Conforme o mestre Aurélio, pelego é: a pele do carneiro com a lã; pele usada nos arreios à maneira de xairel; indivíduo subserviente, capacho. É sobre essa última definição que quero comentar.

O termo pelego foi popularizado durante o governo de Getúlio Vargas, nos anos 1930. Imitando a Carta Del Lavoro, do fascista italiano Benito Mussolini, Vargas decretou a Lei de Sindicalização em 1931, submetendo os estatutos dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. Pelego era então o líder sindical de confiança do governo que garantia o atrelamento da entidade ao Estado. Décadas depois, o termo voltou à tona com a ditadura militar. Pelego passou a ser o dirigente sindical apoiado pelos militares, sendo o representante máximo do chamado sindicalismo marrom.

A palavra, que antigamente designava a pele ou o pano que amaciava o contato entre o cavaleiro e a sela, virou sinônimo de traidor dos trabalhadores e aliado do governo e dos patrões. Logo, quando se chamado de pelego, significava que a pessoa era subserviente/servil/dominada por outra, ou seja, capacho, puxa-saco, bajulador.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Moção de apoio do Contraponto ao movimento Paralisar para Mobilizar da UFRB


O Campo Contraponto, coletivo nacional do movimento estudantil de esquerda, vem por meio deste manifestar nosso apoio aos/as estudantes decidiram paralisar as atividades da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), iniciada no dia 01 de setembro do corrente ano.

O Reuni teve seus avanços na quantidade de vagas disponibilizadas, mas precarizou o trabalho docente e não deu ênfase a qualidade educacional. A crise estrutural da UFRB refletida através da falta de convênios, materiais, professores/as que atendam à demanda dos cursos, sinalizam o fortalecimento do sucateamento da educação pública proposta pelo modelo de educação vigente, adotado nos termos do neoliberalismo. Acreditamos que só com luta e muita mobilização os estudantes podem mudar esse quadro, e isso é o que vemos não só na UFRB, mas no Brasil inteiro por todo o ano de 2011.

Portanto, nós do Campo Contraponto estamos ao lado de todos/as estudantes que reivindicam uma proposta de expansão capaz de garantir o amplo acesso e permanência à universidade democrática, gratuita, popular, pública, de qualidade, presencial, socialmente referenciada, que garanta a permanência de todos/as estudantes na luta por uma nova cultura política.

Ousamos lutar, quando a regra é vender!

Vamos juntos!

Ousando lutar, venceremos!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O mais trágico dos 11 de setembro


Por Milton Temer*
É impressionante o esforço da mídia conservadora brasileira para transformar o ataque às Torres Gêmeas de Nova Iorque num fator de absolvição do governo Bush por todas as barbaridades bélicas promovidas na esteira do episódio. Mas o inegável é que nenhuma investigação se concluiu de forma convincente sobre as facilidades que tiveram os ditos terroristas sauditas, ligados a Bin Laden, para operarem o ataque. O que deixa espaços imensos para que se lance sobre a quadrilha que ocupava o governo americano – Cheney, Rumsfield, Karl Rove e até o boneco de ventríloquo Bush – uma fundada suspeição sobre sua participação no caso. Afinal, todos eram executivos e fortes acionistas de empresas ligadas ao comércio da segurança privada, ou ao complexo industrial-militar-petroleiro, que potenciou geometricamente seus lucros, a partir da ocupação do Iraque.
Mas se este 11 de setembro é coberto de áreas cinzentas quanto aos verdadeiros interessados e autores, um outro nunca deixou dúvidas sobre seus atores principais – o de 1973, data do golpe contra o governo democrático e revolucionário do socialista Salvador Allende, no Chile –. E não por acaso a mídia conservadora brasileira faz silêncio sobre ele. Porque, se não foi cúmplice direta, deu toda cobertura e apoio ao que se registrava como "fim da ameaça bolchevique previsível com o governo de Allende", saudando a nova ordem do pinochetista, e ocultando a participação até da embaixada brasileira na empreitada que deixou rastro indelével de torturas e assassinatos.
Allende volta à pauta por outros caminhos bem mais louváveis do que os deixados pelas lembranças dos tempos do auge da "guerra ao terror" nos Estados Unidos. Volta nas palavras-de-ordem das manifestações gigantescas que retornam às ruas de Santiago e das principais cidades do Chile. Manifestações mobilizadas contra as políticas neoliberais ainda mantidas pelo governo do pinochetista Piñera (o irmão dele foi um dos principais ministros da área econômica do general criminoso), depois de dois mandatos entorpecidos de uma "concertación" de socialdemocratas e democratas-cristãos tão moderados quanto o governo atual. Com eles já estão os sindicatos de trabalhadores em greve, todos reprimidos de forma violenta, todos liderados por uma jovem militante dos quadros do Partido Comunista Chileno. Tudo sem que a mídia conservadora, sempre atenta para as mais insípidas manifestações de opositores em Caracas ou Havana, se preocupe em cobrir.
Os mortos dos dois 11 de setembro são razão de sofrimento nas merecidas homenagens. Mas por razões distintas. Os que foram sacrificados nas Torres Gêmeas eram pessoas inocentes e alienadas em relação ao que lhes viria a ocorrer. Os do Chile, absolutamente não. Eram militantes políticos, ligados a partidos revolucionários e racionalmente assassinados pelo terrorismo do próprio Estado que pretendiam transformar. Que pretendiam transformar num processo pela via eleitoral, sendo submetidos ao golpe militar criminoso exatamente porque os resultados eleitorais vinham mostrando uma curva ascendente das forças progressistas desde a eleição de Allende; com todos os sacrifícios, com todos os obstáculos organizados e financiados pelo Departamento de Estado sob batuta de Henry Kissinger, e cobertura política do que – contrariamente a Allende, herói – sairia depois, varrido, da Casa Branca.
Para a esquerda brasileira, a experiência de Allende é extraordinariamente rica. Numa quadra histórica em que se torna absolutamente inviável a ideia de que processos insurrecionais produzam governos socialistas. Seattle, Argentina do "se vayan todos", as grandes manifestações contra governos conservadores e suas políticas neoliberais nos últimos anos, na França, na Grécia, na Inglaterra, na Itália, as recentes revoltas civis no norte da África; são todos exemplos de que, sem poderes institucionais em mãos, os processos "no resultan", para usar uma expressão bem chilena.
Ou seja; o processo revolucionário no contexto atual, e principalmente num País com as dimensões continentais e diversidades de problemas regionais – quase representando nações distintas a despeito do mesmo idioma –, ganha dimensões extremamente complexas. Fica evidente que, para além da pressão dos movimentos sociais – segmentadas ou regionalizadas -, é fundamental disputar poder dentro do aparelho do Estado. É fundamental participar com intensidade e credibilidade das disputas institucionais. É fundamental recordar o processo chileno que levou Salvador Allende à Presidência do Chile, na liderança de uma Unidade Popular composta por comunistas, socialistas e democratas progressistas.
Ah...mas de nada adianta o poder pela via eleitoral, pois as esquerdas não têm forças para mantê-lo. A direita se articula, golpeia e o que vem depois é sempre uma ditadura de direita.
Falso, no contexto atual, podemos afirmar.
Evidentemente, a tentação para o pragmatismo assistencialista se apresenta, sob tal argumento auto-limitador. Lula e Dilma estão aí para confirmar. Mas, no contraponto, estão aí os exemplos de Venezuela, Equador e Bolívia, onde os eleitos não se renderam antes da hora. Foram para o confronto, na lei, contra os que gritam por democracia, mas não hesitam em entrar pela linha do golpe implantador de autoritarismo quando vêem seus privilégios questionados. Porque é também inevitável que as classes dominantes não reconhecem resultados eleitorais que se dêem fora de seus paradigmas, com a substituição de um seis por meia-dúzia entre candidatos de seu próprio campo.
A diferença, com o que pretendem os que só acreditam "nas ruas", é que o confronto nestes termos, com o aparelho do Estado em relativo controle, e com a legitimidade da vitória nas urnas num período histórico em que não existe espaço para quarteladas, tendo em vista o "apreço" ao regime democrático-liberal que justifica toda a ação imperialista no mundo, torna-se bem mais favorável do que o foi nos anos 70, em que a Guerra Fria justificava intervenções de todo tipo.
É por aí portanto que devemos navegar. Nas ruas e nas urnas. Um caminho em linha convergente com o outro, até que se unifiquem num só sentido. No sentido das grande alamedas que Salvador Allende, em seu último discurso, em pleno combate, não esqueceu de citar como espaço natural de ocupação pelas grandes massas.
*Milton Temer é jornalista

domingo, 14 de agosto de 2011

Bolsonaro e as calcinhas


Para antropóloga, imagem do deputado em propaganda de roupa íntima seria desrespeito às mulheres e aos gays

DEBORA DINIZ*

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi convidado para ser garoto-propaganda da Duloren, empresa especializada em roupas íntimas. Bolsonaro não é nenhum deus grego que inspire mulheres a comprar calcinhas. Não é seu corpo que importa à Duloren, mas suas opiniões sobre sexo, gays e mulheres. A atual campanha da Duloren de moda para homens no site da empresa traz a imagem de um desses modelos perfeitos sendo admirado por um pit bull. O slogan da campanha é "perigoso, viril e arrebatador". Minha dúvida foi se a chamada era para o cachorro ou para o modelo. O cachorro e o modelo estão de cueca, a diferença é que o cachorro a usa entre os dentes. Imaginei a atualização da campanha com Bolsonaro como modelo para a venda de calcinhas. Com o slogan "machão, conservador, homofóbico", Bolsonaro ocuparia bem o lugar do pit bull

O comércio de roupas íntimas transita entre símbolos contraditórios sobre o corpo e a sexualidade: o proibido e o desejado, o vulgar e o íntimo. Bolsonaro e as calcinhas representarão a força do vulgar, mas com alta dose de desrespeito às mulheres e aos gays. Não consigo imaginá-lo vestindo calcinha na campanha, o que seria um contrassenso ainda maior, considerando sua posição de parlamentar. Portanto, sua aparição deve ser como a de quem admira ou aprova mulheres vestindo calcinhas. Exatamente o lugar de censor moral no qual hoje ele vocifera como deputado ou, na iconografia da Duloren, o lugar do pit bull que admira os homens: o senhor da heterossexualidade, a favor de que as mulheres retornem à casa e ao cuidado dos filhos, e contra a igualdade sexual. Há outras cores de conservadorismo na voz do quase modelo da Duloren: revisionismo da ditadura como opressão, defesa da pena de morte, além das recentes controvérsias sobre racismo.

O que fez a Duloren imaginar que Bolsonaro inspiraria as mulheres a comprar calcinhas? Apostar na ironia seria o caminho confortável e menos controverso, mas também pouco provável para uma empresa que se rege pelo lucro. Bolsonaro não seria um modelo, mas um contramodelo para a intimidade feminina. Ao comprar uma calcinha aprovada por ele, as mulheres negariam os valores subliminares da campanha. Bolsonaro não seria o censor que se imagina ser, mas uma paródia de seu colega Tiririca no campo da sexualidade feminina: o humor sexual moveria o comércio das calcinhas. Acho pouco provável uma aposta de risco como essa. Uma campanha de sucesso é aquela cuja mensagem não deixa dúvida sobre sua eficácia, semelhante à promovida pela Duloren que envolvia um padre e uma modelo com roupas íntimas, ambientada na Praça de São Pedro. A modelo segurava uma cruz em direção ao padre, sugerindo que a lingerie provocaria o espírito libidinoso dos padres. Não havia dúvidas quanta à mensagem dessa campanha, o que deixou a Igreja Católica justamente indignada. 

Minha aposta sobre o sentido da campanha é outra. Não há subliminaridades em Bolsonaro como garoto-propaganda, assim como no uso da cruz e do padre na campanha anterior. A Duloren aposta no símbolo do machão como o de um bom vendedor de calcinhas, assim como apostou no modelo perfeito e no pit bull para vender cuecas para homens. É o sentido do machão na cultura brasileira que será negociado pela campanha. Gostar de mulheres e, mais ainda, de mulheres lindas vestindo calcinhas sedutoras, seria um ato de masculinidade. Para admirar mulheres na intimidade, somente homens machões. Mas machão aqui não se resume à ordem heterossexual do desejo - confunde-se com a homofobia, a opressão de gênero e a redução das mulheres a objeto de posse dos homens. O machão censor da sexualidade e do corpo das mulheres está em baixa e a Lei Maria da Penha é um sinal vigoroso da sociedade brasileira sobre essa mudança de mentalidade e práticas de gênero. 

Não sei se Bolsonaro ajudará a Duloren a vender calcinhas, mas a Duloren o ajudará a se manter como o deputado federal censor da sexualidade. Afirmar-se como machão e defensor da heteronormatividade faz os parlamentares se projetarem, nem que seja pelo espanto medieval. O sinal mais recente dessa atualização do machão foi a aprovação da lei para a criação do Dia do Orgulho Heterossexual pela Câmara Municipal de São Paulo. Foram 31 votos pela aprovação contra 19, com forte hegemonia dos partidos conservadores na defesa da lei. Assim como na campanha da Duloren, há várias incongruências na lei, sendo a mais importante a inversão da ordem moral - quem é discriminado é o gay, e não o heterossexual. Não se mata um casal heterossexual na rua, mas se violentam pai e filho que expressam carinho em público. A homofobia mata, mas é a heteronormatividade que define as leis e, como gorjeta, pode ajudar o capitalismo a vender calcinhas.

* DEBORA DINIZ É ANTROPÓLOGA, PROFESSORA DA UnB E PESQUISADORA DA ANIS - INSTITUTO DE BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS E GÊNERO

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Greve em preto e branco: perspectivas e possibilidades!

Marcelo Nogueira Machado*


"....Tempo para semear; Tempo para germinar; Tempo para crescer; Tempo para Colher...” “...Quando o tempo for propício / De modo que o meu espírito / Ganhe um brilho definido  / eu espalhe benefícios....Tempo, tempo, tempo... (Caetano Veloso in Oração ao Tempo)

1. Os Professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, em greve há mais de 60 dias, em Assembléia Geral Extraordinária, realizada no dia 07/06/2011, no Campus de Jequié, deliberaram, por ampla maioria, pela continuidade da Greve por prazo indeterminado. Tal decisão compõe a estratégia de forçar o Governo Jacques Wagner a subscrever a minuta de Termo de Compromisso, apresentado pelo Fórum das Associações Docentes no último dia 01/06/2011, que exepcionaliza as universidades baianas quanto aos efeitos do contingenciamento previstos no Decreto 12.583/2011, em respeito à autonomia universitária plena; e a solucionar, juntamente com a Reitoria da UESB, os graves problemas orçamentários-financeiros da UESB, principalmente no que se refere à inexistência de dotação orçamentária para atendimento de todas as demandas internas específicas, represadas irregularmente, possibilitando, inclusive, o acesso aos resultados das auditorias internas e externas (Tribunal de Contas do Estado), que detectaram tais problemas e que, supostamente, tem justificado o tratamento discriminatório dispensado à universidade nos últimos 8 anos. Quanto à pauta salarial, numa demonstração inequívoca da disposição da categoria para negociar e vencer a intransigência do Governo Jacques Wagner, foi deliberada a aprovação da minuta do Acordo Salarial de 2010, resultado da mediação do Fórum dos Reitores, para se efetivar a sua celebração ao final da greve, quando equacionadas todas as questões vinculadas ao referido Termo de Compromisso e ao tratamento adequado às especificidades orçamentárias-financeiras da UESB.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Wagner: o novo “cabeça branca” da Bahia

Apelidado de “cabeça branca”, o político Antônio Carlos Magalhães (1927 – 2007) inaugurou a era carlista que dominou a Bahia por mais de 16 anos ininterruptos. Responsável por boa parte das mazelas educacionais existentes no Estado, o Grupo Carlista foi derrotado nas eleições estaduais de 2006 pelo Partido dos Trabalhadores - PT que trazia a esperança de dias melhores para o povo baiano. Pensou-se, então, que era o fim da sanha carlista e das políticas nefastas para a educação superior. Enganou-se quem pensou que o atual Governo melhoraria a educação.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

ESPETÁCULO DE HOJE: VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Nota contra o CONEXÃO REPORTER - SBT - Reportagem irresponsável faz caricatura da situação das escolas brasileiras

*Eduardo Nunes

Existem horas que tenho certa vergonha do tipo de jornalismo feito em nosso país. “A violência na escola” foi tema do programa jornalístico “Conexão Repórter” e como educador me senti afrontado pela abordagem tendenciosa, falso moralista e sobre tudo injusta, feita pelo jornalista que comanda o mesmo. O programa foi exibido por volta das 23hs desta quarta-feira 18 de maio do ano corrente.

Ao exibir de forma sensacionalista a imagem de estudantes portando armas e consumindo drogas nas dependências das escolas, o repórter praticamente acusa uma das diretoras entrevistadas, como se estivesse nas mãos dela e de todos os coordenadores pedagógicos, a resolução deste, sim grave, problema. A pretensa matéria jornalística tratava o tema de forma isolada, como se este se encerrasse dentro dos muros da escola e não viesse de fora dela. A culpa é da escola?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

SAJ: Estudantes da UNEB vão às ruas para protestar contra a falta de professores


"Sou, sou estudante eu sou, eu quero estudar, Governador não quer deixar. Vamos à luta". Esta foi a frase entoada pelos alunos da UNEB (Universidade do Estado da Bahia) Campus V de Santo Antonio de Jesus, durante manifestação nas ruas da cidade, realizada nesta quarta-feira (13). Mobilizado em defesa da universidade pública, Daniel dos Santos, um dos organizadores da manifestação intitulada: "Nenhum professor a menos, nenhum campus ou curso a mais", disse à reportagem do Voz da Bahia que os problemas enfrentados pela Uneb vão desde a falta de professores até as péssimas condições físicas. "Existem lacunas na grade de horários por causa da falta de professores, o que acaba atrasando a formação dos alunos", contou.

domingo, 27 de março de 2011

Sobre o caso Hackler

Tenho tentado por diversas vezes corrigir um problema de comunicação e de distorção dos fatos.
Não posso afirmar que o professor hackler foi Racista em sua agressão aos estudantes. Tem rolado grande celeuma em torno da questão, e se eu referendo a questão ou não.

Não eu não referendo. Mas deixem-me explicar uma coisa muito simples. até o ocorrido, eu não conhecia nada sobre o referido professor que não a sua fama de bom profissional de teatro. fama que confirmo como verdadeiro. Sua história de vida, bem como sua ideologia ou qualquer tipo de opinião que não se referisse ao tema TEATRO não me eram conhecido. Quando recebemos uma agressão gratuita é natural que busquemos e conversemos sobre as possiveis motivações do agressor. Logo quando dizia que não discartava a possibilidade afirmação dizia respeito ao choque diante do ocorrido e que aind estava tentando entender os fatos. Gostaria de por gentileza pedir a reflexão de todos (apoiadores do professor Hackler e ou dos Estudantes) para o que estratégicamente tem sido colocado de lado. A agressão gratuita sofrida por estudantes por parte de um professor. Tenho lido e ouvido falar, sobre protestos perfomaticos na escola de teatro, tratando o fato como nazismo ou mesmo da possibilidade do professor ser agredido. Isso, absolutamente, não é verdade. Não houve manifestação alguma, o caso foi formalmente entregue a direção da escola de teatro por ambas as partes, ambas as partes demostraram seu posicionamento à comunidade da escola de teatro e agora estamos esperando o posicionamento após a reunião de congregação convocada para debater o tema. Estamos trabalhando a questão da forma mais civilizada possivel, apesar de alguns particulares equivocos ocorridos no calor das emoções. Digo isso por que algumas pessoas justificam o fato como "temperamento esquentado" por parte do professor mas que ele tem um bom coração e este não é racista. Eu realemente acredito que o professor Hackler seja, em geral, boa pessoal, homem serio e respeitavel. Gostaria de de afirmar que também o sou e esta não é uma opinião eXclusiva.

quinta-feira, 17 de março de 2011

PROFESSOR ALEMÃO AGRIDE ESTUDANTE NEGRO DE TEATRO NA UFBAcarta aberta dos estudantes de teatro UFBA à comunidade

Salvador 17 de março de 2011

No início da noite do dia 16 de março de 2011, durante a calourada, preparada pelos alunos veteranos com o apoio do Diretório Acadêmico da Escola de Teatro – UFBA, enquanto os alunos confraternizavam após o fim da Oficina Corpo e Sentidos, ministrada pelo graduando Carlos Eduardo (módulo II-Licenciatura), o Coordenador Geral do DA, o graduando Eduardo Nunes (Módulo VII-Licenciatura), foi ofendido e agredido fisicamente pelo então professor (aposentado) Edward Hackler.

DECRETO DO GOVERNO WAGNER PREJUDICA UNIVERSIDADES PÚBLICAS

O decreto 12.583, publicado pelo governo do estado no Diário Oficial em fevereiro deste ano, prejudica milhares de estudantes das universidades públicas baianas. Isso porque o decreto, que tem como objetivo cortar gastos do governo, inviabiliza a contratação ou promoção de professores e deixa estudantes de algumas disciplinas sem aula, inclusive formandos, além de ferir a autonomia das instituições superiores de ensino.

Vice-presidente da Comissão de Educação e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Bruno Reis (PRP) apresentou hoje (15) requerimento propondo a realização de uma audiência pública para avaliar os impactos do decreto e propor mudanças ao governo, como reivindica os estudantes e professores em moção e carta pública enviada à sociedade. O requerimento foi aprovado e a audiência marcara para o próximo dia 23, pela manhã, no Plenarinho da Assembléia.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

UNEB: NENHUM/A PROFESSOR/A A MENOS

“Das ruas, das praças, quem disse que sumiu? Aqui está presente o Movimento Estudantil”.

Clima de convulsão acadêmica é o que caracteriza atualmente o campus V da UNEB situado em Santo Antonio de Jesus, mais precisamente o curso de licenciatura em história desta instituição.

A falta de professores(as) para conduzir as atividades acadêmicas que é um problema histórico desta Universidade, agora é gritante, e o que é mais problemático, a possibilidade de paralisação e retardamento de várias disciplinas do curso, na ordem de 14 das 36 ofertadas, devido a falta de professores(as).

O clima de sangramento do curso, que já se encontra assim há muito tempo, atinge seu auge neste inicio de ano devido aos golpes que o Governador Jaques Wagner (PT) vêm dando à UNEB. Acontece que após identificação das distorções acadêmicas por pressão dos(as) estudantes e professores(as) em 2010, a reitoria desta universidade e secretaria de educação do estado resolveram lançar edital e carta convite para contratação de professores visitantes e substitutos via REDA por 24 meses.

Após cumprimento de todo processo burocrático e demorado que durou cerca de três meses, os(as) professores(as) foram admitidos na universidade, mas desde agosto de 2010 estão sem receber salário apesar de estarem cumprindo com as obrigações acadêmicas, e sem contrato com o estado, apenas com orientação de recebimento dos salários via indenização pela UNEB e promessa de contratação, objeto da seleção pública ao qual foram submetidos(as) e aprovados(as).

Entretanto, após inúmeras falsas promessas, o Governo do Estado da Bahia por meio da Secretaria de Educação do Estado indeferiram e ratificaram o processo de contratação de tais professores, o que significa desligamento dos quadros da universidade a qual juridicamente nunca estiveram ligados.

Este cenário imposto pelo arrocho que as Universidades Estaduais da Bahia vem passando apresenta várias implicações, sobretudo aos(as) estudantes e professores(as) do curso de história da UNEB, campus V de Santo Antonio de Jesus. Isso de maneira imediata configura, pára além da questão trabalhista destes profissionais que foram humilhados moral e profissionalmente, a paralisação de muitas atividades acadêmicas do CURSO de HISTÓRIA por falta de professores.

Implica em dizer que os(as) concluintes do curso terão que ficar mais um ano na Universidade para tentarem se formar. Significa dizer que os(as) vários(as) estudantes desta unidade educacional que foram aprovados no recente concurso público efetivo para professores da educação básica do próprio estado da Bahia não poderão assumir seus cargos por atraso na formação e ausência de Diploma. Constitui no verdadeiro ABORTO de sonhos de estudantes e professores(as) comprometidos(as) com a melhoria da educação pública deste país.
Assim, faz-se importante divulgar a sociedade as condições em que encontra-se a Universidade de TODA a Bahia, mais precisamente o clima de convulsão acadêmica do CURSO de HISTÓRIA do campus universitário de Santo Antonio de Jesus devido a FALTA DE CONTRATAÇÃO DOS(AS) PROFESSORES(AS) aprovados(as) em seleção pública, convocados, nomeados e empossados segundo a burocracia estatal, que se recusa reconhecer suas próprias medidas. Estamos em um estado democrático de direito?

Por estes motivos exigimos que o governaDOR deste estado CONTRATE OS(AS) PROFESSORES(AS) APROVADOS(AS) e respeite a educação pública do estado. Não ao desmonte da educação!

Campanha "UNEB: NENHUM/A PROFESSOR/A A MENOS"

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

É preciso dizer não ao Prouni do ensino médio

*Por Luiz Araújo

A presidenta Dilma, contrariando todo o debate ocorrido na CONAE e disposta a não aguardar a aprovação do novo Plano Nacional de Educação, está marcando para março o lançamento do Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec).

Segundo sua fala no Programa Café com a Presidenta ela afirmou que “a idéia é ampliar o caminho de acesso à educação profissional para jovens do ensino médio e para trabalhadores sem formação”.

O Pronatec é uma adaptação do ProUni para o ensino médio. O Programa, segundo a fala da Presidenta Dilma, será composto por um conjunto de ações voltadas para quem deseja fazer um curso técnico, mas não tem como pagar. Será um programa de bolsas e também de financiamento estudantil. Ou seja, o governo vai isentar instituições particulares de ensino profissional em troca de bolsas de estudo.

A estratégia 11.6 do Projeto de Lei nº 8035 de 2010 propõe “Expandir a oferta de financiamento estudantil à educação profissional técnica de nível médio oferecidas em instituições privadas de educação superior”.

Dados do Censo Escolar de 2009 mostram que a iniciativa privada possui 48,2% das matrículas da educação profissional, em situação bem distinta da encontrada no ensino médio regular onde este segmento representa apenas 11,7%. A União oferece 14,3%, os estados oferecem 34,3% e ainda temos 3,3% sendo oferecidos por municípios.

No twiter o ex-candidato a presidência José Serra ironizou o anúncio da seguinte forma: "Parabéns ao governo pelo anúncio do Protec - o Prouni do ensino técnico, que propus na campanha. Bolsa para pagar anuidades do ensino técnico", escreveu. Em seguida, Serra decidiu esclarecer que seu comentário não era um elogio. "Bem, fiz certa ironia, que nem todos compreenderam: o governo do PT copiou uma idéia nossa - Protec - que na campanha eles atacavam", disparou. Nada mais verdadeiro. Quem primeiro falou do assunto foi ele e o atual governo resolveu encampar a proposta.

O problema é que a proposta, não interessando que seja do Serra ou da Dilma, é incorreta e infeliz.

1º. Representa uma mudança de rumo, pois a estratégia até o momento era elevar a participação federal no segmento, ação que foi desenvolvida durante o governo Lula, especialmente no segundo mandato, por meio de construção de unidades de ensino profissionalizante em todo o país.

2º. A estratégia do ProUni ajudou a diminuir o déficit financeiro de instituições particulares de nível superior de qualidade questionável. O governo federal trocou impostos por bolsas em instituições precárias, oferecendo aos mais pobres cursos mais pobres, aprofundando a desigualdade de acesso ao ensino superior.

3º. Passados alguns anos que o governo investe nesta estratégia a conseqüência foi o aumento do hiato entre vagas públicas e vagas privadas.

4º. A iniciativa privada será a única beneficiada. Como o controle da qualidade dos cursos técnicos não é feito pelo Ministério da Educação e sim pelos conselhos estaduais de educação, a possibilidade de termos mais cursos com péssima qualidade é quase uma certeza.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Quanto custa uma opinião?

por Edu Nunes*

Quanto custa uma opinião?
Perguntou certo cliente ao gentil funcionário de uma livraria, apontando um livro qualquer.
Ao ouvir, contrariado, por parte do gentil funcionário que uma opinião não tinha preço, mas que ele daria a informação de bom grado, o ofendido cliente, em seu direito de consumidor, fez queixa ao dono da livraria.
O dono da livraria, no seu direito de patrão, pediu satisfações ao gentil funcionário.
O gentil funcionário respondeu depois da insistência do patrão frente aos seus eloquentes argumentos: “e os meus princípios?”
O dono da livraria, ultrajado e dentro do seu direito de patrão responde com um tapa nas costas do gentil e parvo empregado: “pois principie logo!”

Chegará o dia em que um de nossos amigos venda a sua opinião.
Chegará o dia em que a lógica “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” será invertida e meu amigo inimigo também seja.
Chegará o dia, depois da venda da opinião, em que eu me arrependerei da fé, fé que tive por acreditar que existe um inimigo maior.
Um inimigo travestido de empresariado, de prefeito, e na minha opinião, de governador inclusive, que ainda não deu a graça de sua opinião sobre nosso livro. Que oferta ele estaria esperando?
Mas prefiro não pensar na oferta, como disse o inimigo é travestido de todos, mas bem pode ser chamado de Capital que distorce as relações humanas e os valores, também humanos.
Prefiro não pensar na oferta por que o que me preocupa, meus amigos, é a procura. O que procuramos e o que eles, os instrumentos do Capital, procuram em nós, seja para colheita, seja para plantio. Ou será investimento?

Chegará o dia, uma hora de lobos, não tenho dúvidas, em que os lados serão escolhidos, e não seremos mais tantos a reclamar “princípios”
Mas esse dia, felizmente, não é hoje. Hoje o inimigo está fora. Ele bate a porta e faz a oferta. Com sorte não haverá procura. Haverá luta. Mas entre nós, insisto em ter fé, paz.

*Edu Nunes é Estudante de Licenciatura em Teatro na UFBA, Coordenador Geral do DATEA e Coordenador Regional da FENEARTE na Região Nordeste.

Vamos debater o novo PNE!

Acabamos de sair do nosso quinto Seminário Nacional do Campo Contraponto. Quinto que em Algarismos Romanos é representado pela letra V de Vitorioso.

Entre tantos debates de formação e organização, aprofundamos a discussão em torno do novo Plano Nacional de Educação, que irá direcionar a política educacional do Estado Brasileiro nos próximos 10 anos.

Compreendemos que essa será uma das pautas centrais do movimento estudantil em 2011 e será necessário fazer muito debate e luta para garantir educação pública, gratuita, de qualidade para o povo brasileiro e ao mesmo tempo uma maior regulamentação e controle sobre o ensino privado.

Em breve socializaremos o acúmulo dos debates que temos travado na Bahia e em todo o Brasil em torno dessa questão e textos que ajudem na reflexão, formulação e mobilização, pois só assim avançaremos na construção de um projeto popular para a educação na Bahia e no Brasil.

Clicando aqui você pode baixar o Projeto de lei do PNE.

PNE – perguntas e respostas

1)O que é?

Plano Nacional de Educação é a lei que direciona a política educacional do país. Tem a duração de uma década e o atual plano vence em 2011.

2)Como é feito?

O governo manda uma proposta ao Congresso Nacional, que tem o poder de alterá-lo e aprová-lo. A meta é aprovar o PNE 2011/2020 até o início do segundo semestre. Segundo a maior parte dos militantes da área que discutem o tema, o plano é aprovado no mínimo no final do ano, dada a grande quantidade de polêmicas.

3)O que está em jogo no plano atual?

O principal ponto no PNE 2011-2020 é o de financiamento da educação. Os movimentos sociais defendem que 10% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas do país) sejam destinados à educação. Ocorre que a proposta enviada ao congresso (elaborada pelo Governo Dilma) continha o patamar de 7%, valor que não depende de esforço algum em ser alcançado, já que estamos num patamar de 5% e o crescimento de 0,2% ao ano é o crescimento padrão dos últimos anos. Para se ter uma idéia, só de juros e amortização da dívida pública, o governo consome mais de 35% do PIB.

Além disso, há muita polêmica no plano. Todos os pontos de evidente orientação progressista são dispostos de maneira vaga e sem submetas (do tipo: até 2015, 50% da redução de analfabetismo proposta deve ser atingida). E há um conjunto de propostas completamente dissociadas de uma visão de educação de fato transformadora. São algumas delas:

a)PROMEDIO: O Prouni do ensino médio. Proposto da forma como o Prouni funciona,
através da isenção fiscal de escolas de ensino médio profissionalizante para oferta de vagas a estudantes de baixa renda. Até a governista CNTE já se posicionou contra, pois bate de frente com um dos poucos avanços concretos em educação feitos pelo governo: a ampliação do ensino médio profissionalizante público.

b)Estímulo à pós-graduação strictu-sensu à distância. Polêmico por motivos óbvios, já que entre outros problemas elimina a relação professor-aluno da formação docente

c)Metas do REUNI dentro do plano. A relação estudante/professor de 18/1 como proposto pelo REUNI para as IFES passa a ser para toda a educação superior, além da aprovação de 90% dos ingressantes. As metas que antes eram uma política de governo, emitida por um decreto, passam a ser uma política de estado: Escolão é a regra e quanto mais aprovação melhor.



4)O atual plano é melhor ou pior que o anterior?

Este é outro problema do PNE: A falta de diagnóstico prévio. Ao contrário do PNE anterior, que era antecedido por um amplo diagnóstico da educação no país naquele período (até 2000), o atual PNE não conta com nenhum dado dos censos educacionais produzidos pelo IBGE. Isso dificulta a leitura do plano não só para o cidadão que o lê, como para os congressistas, que o votarão. É importante, portanto, que o movimento educacional o quanto antes subsidie a leitura do plano com a publicação dos dados oficiais e extra-oficiais da educação no país. Teremos, infelizmente que fazer o trabalho que o governo tinha que ter feito se quisermos ter uma leitura completa do que significa este plano.

5)Qual o papel do movimento social neste período?

Contribuir para as mudanças necessárias neste PNE. Inicialmente defendendo com toda a força a ampliação do percentual do PIB destinado à educação: é 10% e não abrimos mão! E depois, articulando com congressistas e na pauta das nossas manifestações o combate aos pontos que retrocedem no nosso modelo educacional: estímulo a educação à distância, metas de “escolarização” das universidades e PROMÉDIO.

Uma questão importante é que o atual PNE não respeita na sua integridade as deliberações da CONAE (Conferência Nacional de Educação), contidas neste site http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/documento_final.pdf, que propôs entre outras coisas a meta de 10% do PIB para a educação. E olha que a correlação de forças da CONAE estava bem favorável para o governo...

À luta!

Extraído de: PNE: http://www.todospelaeducacao.org.br//arquivos/biblioteca/pne_15_12_2010.doc